Loucura
"Um poderoso feiticeiro, querendo destruir um reino, deitou uma poção mágica no poço onde todos os seus habitantes bebiam. Quem bebesse aquela água ficaria louco.
Na manhã seguinte, a população inteira bebeu, e todos enlouqueceram, menos o rei - que tinha um poço só para si e para a sua família, onde o feiticeiro não conseguiu entrar. Preocupado, ele tentou controlar a população com uma série de medidas de segurança e saúde pública: mas os polícias e os inspectores tinham bebido a água envenenada, e acharam um absurdo as decisões do rei, resolvendo não as respeitar de modo nenhum.
Quando os habitantes daquele reino tiveram conhecimento dos decretos, ficaram convencidos que o soberano enlouquecera, e agora escrevia coisas sem sentido. Aos gritos, foram até ao castelo e exigiram que renunciasse.
Desesperado, o rei prontificou-se a deixar o trono, mas a rainha impediu-o, dizendo: "Vamos agora até à fonte e beberemos também. Assim, ficaremos iguais a eles."
E assim foi feito: o rei e a rainha beberam a água da loucura, e começaram imediatamente a dizer coisas sem sentido. Na mesma hora, os seus súbditos arrependeram-se: agora que o rei mostrava tanta sabedoria, porque não deixá-lo a governar o país?
O país continuou em paz, embora os seus habitantes se comportassem de maneira muito diferente da dos seus vizinhos. E o rei pôde governar até ao final dos seus dias."
Dia 21 de agosto estreia "Veronika decide morrer", adaptação da obra de Paulo Coelho. Leia nossa crítica.
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